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Aventura em terras colombianas

Atualizado: 23 de abr. de 2020


Escalada em rocha da melhor qualidade e com muita variedade, tanto esportiva quanto tradicional. Alta montanha com lindas paisagens e fácil acesso em um ambiente inóspito e ainda pouco explorado. A Colômbia se abre para o turismo de aventura e promete que o único perigo de visitar o país é você se apaixonar e não querer mais voltar para casa.


SUESCA


Rochas de Suesca. Crédito foto Danielle Pinto

Já havia escutado falar do lugar quando estive visitando o Peru, já que Suesca é o sitio de escalada mais popular entre os colombianos, e colombianos é o que não falta no Peru.

As referências eram sempre as melhores, muitas fendas, vias de cordadas, tetos com agarras gigantes, arenito. Bom demais para acreditar. As fotos que já havia visto do lugar tão pouco fizeram jus a diversão proporcionada durante os dias que passei escalando em Suesca. Nada melhor que estar no lugar, para então comprovar, que tudo aquilo que falaram sobre o destino escolhido é realmente verdade.



São mais de 300 vias, segundo o último guia publicado do local em 2007. Uma linha de trem, praticamente desativada, percorre toda a extensão da parede de arenito. A rocha com altura máxima de 130m de longe parece ter muita vegetação, porém as vias de escalada seguem por diedros e fendas limpos, que proporcionam diversas possibilidades para colocação de proteção móvel (camalots, friends e nuts). Por ser arenito e não ter a mesma resistência do granito recomenda-se proteger mais do que o usual. Escalamos com um jogo completo de camalot, #1 e #2 repetidos e jogo de nuts. As vias são em sua maioria negativas, com muitos tetos e agarrões de cair para dentro, alucinante!!! Vias para todos os níveis e classe de escaladores. Em Suesca se escala tradicional com cinco cordadas sem nenhuma proteção fixa, ou vias esportivas de 5.13 e até 5.14, e também é comum encontrar escaladores carregando seus crash pads. Sim! Também tem boulder em Suesca. Mas afirmo e confesso, que o que mais me encantou no local foram os diedros e fendas finalizados com seus tetos e travessias, bem mais impressionante do que tecnicamente difícil.



Suesca também possui uma gente muito boa onda. Uma comunidade forte de escaladores, com associação e atividades regulares. Participamos de uma sessão de exibição de fotos, evento que acontece todo mês. Nos fins de semanas, “o parque”, - como a área de escalada é chamada pela comunidade -, recebe muitas pessoas, não só escaladores, mas também turistas que vêem de Bogotá e arredores. Daí é uma festa só! Se vende churros e empanadas nas bases das vias e tem criançada correndo por todos os lados. Alguns escaladores montam Top Rope nas vias mais fáceis na entrada do parque e oferecem a experiência de escalar em troca de alguns pesos colombianos. Nos fins de semana chegávamos cedo, por cerca das 8 da manha e os top ropes já estavam armados. Alguns escaladores locais também vivem como guias. Mas querendo se pode escalar no fim de semana e não ver nenhuma alma viva, basta se afastar um pouco da entrada e percorrer a linha do trem, caminhar uns 20 minutos e pronto, é só você, seu parceiro e a sua via.

O parque está localizado praticamente dentro da cidade de Suesca, ou melhor, do povoado de Suesca, e há cerca de 60 km de Bogotá, no Departamento de Cundinamarca. A empresa de transportes Alianza faz o trajeto Bogotá-Suesca-Bogotá a cada hora das 5 da manhã até as 9 da noite, saindo do Terminal Transmilenio e custam cerca de R$ 8.00 o trecho. No sentido Suesca-Bogotá o último ônibus da Alianza sai as 7 da noite. Para dormir em Suesca existe a opção de camping dentro do próprio parque, albergue e pousada. O custo varia de R$ 20,00 a R$50 por dia. A moeda é o peso colombiano e seu valor em relação ao real é quase o mesmo, fica elas por elas. Mas a comida é mais barata, se paga cerca de 6 pesos colombianos por um prato feito caprichado!



O clima é bem marcado por uma estação chuvosa e outra seca. A temperatura não varia muito, mas nos meses de dez, jan e fevereiro quase não chove. Se bem que chuva não atrapalha quem realmente quer escalar em Suesca, com muitos negativos e tetos sempre tem alguma via que não molha. Estive por lá nos meses de outubro e novembro, já no fim da temporada de chuva, e aprendemos e escalar as vias longas pela manhã, onde se tem que sair por cima (já que não existem pontos fixos para rapelar e a negatividade da parede deixaria o rapel bem complicado) e depois no período da tarde quando começava a cair algumas pancadas de chuva escalávamos as vias esportivas que não molham.

Mas para escalar em Suesca sem aquela apreensão na parede causada pela chuva eminente nada melhor que os meses de dezembro, janeiro e fevereiro. Quem sabe uma próxima vez!

O que mais falar de Suesca!! Nada mais, realmente o melhor é ir lá, conferir tudo de perto...

Informações sobre Suesca

Onde ficar

Sierra Nevada de Cocuy


A Cordilheira dos Andes se estende por 7 países da América do Sul, do Chile a Venezuela. Na Colômbia, os Andes formam, entre outras cadeias montanhosas, a Sierra Nevada de Cocuy.

Considerado Parque Nacional, a Sierra Nevada de Cocuy está localizada na região de Boyacá, ao norte de Bogotá. A região era território das FARC – Forças Revolucionárias Armada da Colômbia até 2005, quando finalmente o governo colombiano conseguiu recuperar a área fazendo o grupo guerrilheiro recuar. Desde então a região que margeia o Parque Nacional passou a ser ocupada novamente por seus antigos proprietários, pessoas que vivem da criação de vacas, ovelhas, plantação de batatas e favas e mais recentemente do turismo.

Justamente pela ainda incipiente exploração turística, a Colômbia se torna um ótimo destino para quem gosta de conhecer lugares que ainda guardam suas próprias características culturais e naturais com muito ainda a ser descoberto. O governo colombiano também tem incentivado o turismo com campanhas internacionais que procuram mostrar o país como um destino seguro, tentando afastar o estigma de violência causado pelos atos das Farc no país e no continente sul americano.



A Sierra Nevada de Cocuy tem grande potencial para em apenas alguns anos se transformar em um destino certo, para quem viaja em busca de escalada ou trekking em alta montanha.

A porta de entrada para conhecer a Sierra Nevada são as cidades de Cocuy ou Güicán, a cerca de 10 a 12 horas de ônibus de Bogotá. Tudo depende da condição da estrada, que devido a grande quantidade de chuva na região sofre com freqüentes desmoronamentos.

Cocuy é um pequeno povoado incrustado no meio das montanhas que ainda guarda resquícios da época em que era ocupado pelas Farcs. Na época a cidade era toda pintada de vermelho branco, quando o governo colombiano conseguiu recuperar a área exigiu que todos os seus moradores pintassem suas casas de verde e branco. E assim é Cocuy, com não mais que uma dúzia de ruas pavimentadas e todas as casas pintadas de verde e branco com gerânios nas janelas. Apesar de pequena a cidade possuiu três ou quatro opções de hospedagem e até uma incipiente agência de turismo.

O transporte até as montanhas pode ser privado ou coletivo. Optamos pelo transporte coletivo por ser mais barato e por proporcionar uma aproximação maior com a realidade local, já que se trata do caminhão do leite. Isso mesmo, as seis da manhã o caminhão do leite, o lechero, sai da Praça de Cocuy em direção as montanhas recolhendo leite dos produtores locais, levando encomendas e eventualmente algum turista. A viagem dura cerca de duas horas dependendo de qual será seu destino. Existem três opções de acesso a Sierra Nevada, Kanwara, La Hacienda La Esperanza e o Valle de Lagunillas. Das cabanas Kanwara, mais ao norte, se pode acessar os nevados Ritak U´wa Blanco e Negro ponto culminante da Sierra Nevada com 5330m de altitude. Da Hacienda Esperanza se tem acesso aos nevados Côncavo, Portales e Toti e a Laguna Grande de La Sierra, foi por aí que nos aventuramos. E através do Valle de Lagunillas se chega até o Púlpito Del Diablo, um maciço de granito de cerca de 100m de altura localizado no meio do glaciar, com vias de escalada em rocha, e o nevado Pan de Azucar, o mais popular da Sierra Nevada. Nestes três pontos existe local para se hospedar, possibilidades de alugar cavalos para carregar a carga se necessário e contratar guias. Tudo num esquema muito familiar e pouco turístico, já que se trata de campesinos que oferecem alguns serviços e não agências com pacotes prontos para serem comercializados.



Chegamos à Hacienda Esperanza por volta das nove da manhã e nos acomodamos para passar uma noite por ali mesmo iniciando o processo de aclimatação. Durante o dia caminhamos até cerca de 4400m e voltamos para dormir a 3800m na fazenda. No outro dia iniciamos a subida até a Cueva de Los Hombres, onde pretendíamos ficar por cerca de dez dias e escalar o Côncavo, fazer uma travessia e escalar também o Púlpito e o Pan de Azucar.

Durante a caminhada já pude perceber que os Andes colombianos eram bem distintos de outras montanhas andinas por onde já tinha passado. Com muito verde e muita água durante grande parte do caminho. Confesso que me causou certa surpresa, já que estava esperando apenas rocha e neve. Destaque para os frailejones, vegetação típica do local e que pode atingir até dois metros de altura sendo que cresce apenas cerca de 1 cm por ano. Depois de caminhar por quatro horas chegamos a Cueva de los Hombres a 4700m de altitude num lindo dia de sol e céu azul. Infelizmente esse foi um dos poucos dias de tempo bom que desfrutamos na Sierra Nevada, já que estivemos por lá na temporada de chuvas. E chove mesmo. Além da chuva baixa uma névoa que impede a locomoção já que a visibilidade não passa de cerca de cinco metros. Para quem pretende visitar o local vale à pena reservar alguns dias durantes os meses de dezembro, janeiro ou fevereiro quando o clima é mais estável.



Mas como o que tínhamos era algumas semanas durante novembro encaramos a aventura mesmo assim. Depois de dois dias de espera, fomos presenteados com uma brecha de tempo bom das seis da manhã até o meio dia e conseguimos subir o nevado Côncavo 5200m de altitude. A subida é bem simples, basicamente caminhada sobre o glaciar, e o visual do Púlpito e do Pan de Azucar é lindíssimo. Infelizmente quando atingimos o cume a névoa já havia tomado conta de tudo e não tivemos muito que ver, a não ser nossas pegadas na neve que nos guiaram no caminho de volta.

Depois se seguiram mais cinco dias de chuva e neblina e algumas tentativas de ascensão frustradas. O tiro de piedade foi uma saída as três da madrugada que durou quinze minutos de caminhada e a neblina já tinha tomado conta de tudo. Sorte nossa que ainda estávamos próximos e conseguimos retornar mesmo sem visibilidade nenhuma. Do nosso plano inicial conseguimos realizar apenas a ascensão ao Côncavo, isso por enquanto, porque com certeza ainda volto para a Sierra Nevada em qualquer janeiro destes.

Durante os oitos dias que passamos acampados na Cueva de Los Hombres apenas encontramos duas turistas, por coincidências também brasileiras, que subiram para conhecer a Laguna Grande de La Sierra e voltaram para dormir na fazenda. Uma boa pedida para quem não dispensa um colchão macio. Durante os meses de temporada (janeiro e fevereiro principalmente) o local é visitado por mais pessoas, principalmente escaladores.

Decidimos baixar da montanha, passamos uma noite na fazenda e pela manhã pegamos o lechero que nos deixou na cidade vizinha de Guicán. Pela noite já pegamos o ônibus com destino a Bogotá.

Como ir

De Bogotá a Cocuy e Güicán

Agência Los Libertadors e Concorde. Saem todos os dias partindo as 8 da noite de Bogotá.

Onde Ficar

Em Cocuy – Hotel Granada, Colonial, Los Andes e Gutiérrez.

Em Güicán – Hotel La Sierra, Atahualpa e Frailejón.

Para contratar serviços de montanha




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